sexta-feira, 28 de agosto de 2009

A Princesinha do Zêzere


Alguém disse um dia "A minha boca só diz aquilo que os meus olhos lhe contam". Quem visita Dornes depara-se com uma beleza inesquecível que nos entra pelos olhos deixando o desejo de conhecer melhor este que é o santuário de Nossa Senhora do Pranto. Reza a lenda que Guilherme de Pavia, feitor da rainha Santa Isabel, ao caçar numa das terras que administrava, ouviu uns gemidos semelhantes ao choro de uma pessoa. A imagem e o pranto da Virgem Maria com o filho morto nos braços fez com que a rainha se deslocasse a este lugar onde mandou erguer uma capela, junto a uma torre pentagonal, única no país, a que deu o nome de Vila das Dores, mais tarde chamada de Dornes. Hoje, a mesma capela é visitada por centenas de turistas, e neste santuário pode admirar-se a Virgem com o seu filho no regaço. O turismo religioso desenvolveu grandemente esta aldeia, mas é no Verão que tudo ganha uma outra vida, os barcos de três tábuas dão lugar a potentes barcos a motor e às motas-de-água, e a calma das águas do rio Zêzere desafia os banhistas mais encalorados, para uns mergulhos. Gentes de todo o lado chegam a Dornes, uns são filhos da terra que vêm de ferias, outros para a conhecer e alguns porque ouviram falar da célebre achegã frita (peixe do rio) com migas e arroz e que ao entrar nesta aldeia param no Restaurante Fonte de Cima, do Ti Casimiro, e provam esta iguaria que a Ti Elvira tão bem sabe fazer. 

Poço Velho




Situada na Beira Alta e entalada entre Nave de Haver e Vilar Formoso, quem segue pela estrada nacional 332, Poço Velho é uma aldeia raiana, outrora terra de contrabandistas, que para Espanha ou Portugal, percorriam sítios como o Bico da Raia ou Esquina dos Hortos, bem juntinho ao marco fronteiriço nº 534, para fugir com a "carga", umas vezes aos guardas fiscais, outras aos carabineiros. Porém,  hoje não é mais que um lugar que alberga pouco mais de duas dezenas de habitantes, já com avançada idade, que se ocupam da lavoura e do gado. É, sobretudo, uma aldeia de emigrantes que no Verão regressam às suas origens e raízes, para matar saudades dos seus pais ou avós. Bebe-se uma pinga na adega, mata-se um cabrito, organiza-se uma garraiada e entre foguetes, ainda há tempo para um bailarico. Durante todo o ano isolada de tudo e de todos, é no mês de Agosto que a terra se enche de côr e ganha uma outra vida, pois trata-se do tão esperado regresso dos seus filhos pródigos que, para os quatro cantos do mundo, partiram em busca de uma vida melhor, mas que sonham um dia voltar de vez à terra que os viu nascer.