segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Da Pedra Furada ao Carril


Estas foram umas mini-férias muito boas... e de que maneira! Foi só entre nós, ou seja, em família... Foram só quatro dias, mas deu, sobretudo, para apertar ainda mais o laço familiar que nos une. O destino foi o de sempre, nesta altura de Agosto: A aldeia medieval de Dornes, a terra da minha mãe. A estadia foi também a mesma de sempre, a Quinta da Pinheira, situada no Carril. Composta por uma antiga casa senhorial, a Quinta oferece, para além de oito quartos todos com casa-de-banho privativa, uma piscina com uma zona para crianças, um bar sempre com boa música, uma paisagem deslumbrante sobre as serras que circundam o Zêzere e isto tudo sobre a alçada do seu proprietário, o Sr. Carlos Cristas.


A sua hospitalidade, simpatia e boa-disposição, são o que de melhor transparece nele. Destaque ainda para os muitos artefactos que complementam e fazem parte da decoração que embeleza ainda mais esta bonita Quinta da Pinheira.



Tive ainda ocasião de admirar um exemplar único: um Cadillac Fleetwood com 7000 c.c. e um consumo de 42 l/100 km... uma relíquia. Resta-me agradecer ao amigo Carlos Cristas e prometer-lhe que para o próximo ano lá estaremos... eu e a minha família! Obrigado Rita, Joana e Kiko por darem sentido a estas aventuras a quatro!

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Uma história da minha avó


Soldado, soldadinho, tá tão triste, anda na guerra...
Ou te lembra pai ou mãe, ou ares da tua terra...
Não me lembra pai nem mãe, nem ares da minha terra... Só me lembra a minha amada, que era linda e donzela... Se era linda e donzela, dar-ta-ei por 7 anos! Ao cabo de 7 anos, soldadinho hás-de debandar...
Montou no seu cavalo e o cavalo tuliou...
não tulies tu cavalo, não tulies tu aqui...
Sou a amada do teu amo, algum dia eu o servi...
Se tu és a minha amada, porque não te abraças a mim? Porque já não tenho abraços com que te abraçava a ti. Venderei o meu cavalo para missas para ti, e se não chegar o meu cavalo, venderei-me eu a mim! Nem vendas o teu cavalo, nem te vendas tu a ti, quantas mais missas me dizes, mais penas são para mim... A noite em que eu morri, foi de tristeza para mim, em vez de me lembrar de Deus, só me lembrava de ti! Uma menina que nós tivemos entremeio de ti e de mim...
Quando vais para a igreja, leva-a diante de ti,
para que não se perca por homens, como eu me perdi por ti...
Adeus meu amor, adeus mas ai de mim...
Eu vou para umas penas, para um século sem fim!

sábado, 24 de abril de 2010

Um Segredo

Bem sei que o meu pai nunca foi um homem de discursos muito elaborados, não foi uma pessoa com vida académica, apenas se pode considerar um bom falador que, talvez pelos anos que já viveu e pelas experiências acumuladas, lhe conferem o dom de saber um pouco de tudo. E esta ­“sabedoria” é acima de tudo uma coisa transversal: é do futebol à agricultura, da política aos assuntos domésticos, até sobre medicina de vez em quando, lá vem uma opinião… Enfim, é o que se pode chamar na gíria: “esperteza saloia”. Confesso que algumas vezes acredito, das outras, faço de conta que também acredito… No caso que vou revelar, devo admitir que não acredito muito, e a justificação é que afinal um segredo é sempre um segredo, e por isso não deveria estar ao alcance de qualquer um. Porque raio haveria o meu pai de ser um dos eleitos? Lá está… faz de conta que acredito, mas a verdade da coisa fica só para mim… Há um par de dias, enquanto vasculhava a minha carteira onde guardo os documentos, deparei-me com um papelinho todo amarrotado e com as letras já um pouco sumidas, onde se podia ler a custo qualquer coisa como:

2 litros de Vinho Tinto

1 litro de Vinho Branco

1 litro de Aguardente

1 kg de Açúcar Amarelo

33 folhas de Pessegueiro

Estes seriam os ingredientes que faziam parte de uma receita, ou eventual receita do tão afamado e conhecido Vinho do Porto. E dei comigo a pensar, não é que a receita seja verídica, mas o ambiente e a maneira como o meu pai me entregou esse papelinho, fez-me acreditar que ele pensa que isto tudo é verdade e eu só lhe posso fazer crer que também eu acredito… faz de contra que é o nosso segredo. Nunca experimentei a receita, e o mais certo é nunca o fazer, se calhar nunca ia dar em nada, mas assim sei que na dúvida, tenho dias em que acredito que pode resultar!